CARACTERIZAÇÃO DOS VENENOS DE DIFERENTES POPULAÇÕES DE BOTHROPS JARARACA E ANÁLISE DAS INTERAÇÕES COM ANTIVENENO COMERCIAL
Machado, Larissa Gonçalves | Posted on:
2014
Abstract
Os acidentes ofídicos são doenças tropicais negligenciadas que representam grande causa de mortalidade e morbidade em todo o mundo. No Brasil ocorrem milhares de acidentes ofídicos por ano, dos quais a maioria está associada ao gênero Bothrops. Uma das espécies de maior importância médica, a Bothrops jararaca, possui uma distribuição geográfica ampla associada à alta densidade demográfica e habilidade de colonizar e se adaptar a diferentes ambientes. A caracterização proteômica dos venenos (venômica) descreve a composição global das toxinas combinando técnicas de fracionamento de proteínas com identificação por espectrometria de massas. Esse conhecimento gera uma melhor compreensão das manifestações clínicas dos acidentes, identifica variabilidades entre venenos e ajuda na idealização de melhores protocolos para o desenvolvimento de antivenenos e estratégias de tratamento. Apesar de vários estudos envolvendo o veneno de B. jararaca, pouco se conhece a respeito de variações populacionais e do perfil global do veneno pela abordagem venômica. Através da antivenômica é possível caracterizar a interação de venenos e antivenenos, elucidando quais toxinas são neutralizadas e quais as possíveis toxinas escapam desse reconhecimento. Nesse trabalho foi realizado um estudo proteômico comparativo do pool de venenos da espécie B. jararaca procedentes das regiões sul e sudeste do Brasil (extremos pontos de distribuição) e do perfil de seus representantes individuais. Além disso, foi investigada a capacidade do soro antibotrópico (SAB) do Instituto Vital Brazil em neutralizar os venenos provenientes dessas populações (antivenômica). Comparando as proteínas majoritárias, o veneno do sudeste possui mais metaloproteinases, enquanto o veneno do sul apresenta maior quantidade de fosfolipase A2 (PLA2). A população do sul possui uma toxina exclusiva em relação ao sudeste, identificada como uma Lys49-PLA2. Os cromatogramas individuais apresentaram o mesmo padrão dentro da mesma população e em comparação ao seu pool correspondente. Apesar dessas diferenças, o SAB foi capaz de reconhecer as toxinas de ambas populações de maneira similar. Os resultados mostraram que a complexidade dos venenos é notável e que o protocolo de imunização para produção do SAB é eficiente, cobrindo as diferenças encontradas possivelmente pelo uso do veneno de cinco espécies no pool de imunização, especialmente a B. jararacussu. É a primeira vez que um estudo proteômico do veneno de B. jararaca é feito com um pool representativo dos extremos da distribuição geográfica da espécie e os resultados apontam a existência de duas populações bem distintas no território brasileiro.
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