Geotecnologia aplicada à espacialização da hidrogeoquímica de aquíferos granulares na bacia sedimentar do Parnaíba no estado do Piauí

Abstract

Essa tese teve sua origem no estudo “Avaliação de risco à saúde humana como ferramenta à gestão dos recursos hídricos subterrâneos no estado do Piauí”, que se inseriu no projeto CETEM/MCTI “Apoio a implantação do campus avançado do CETEM/MCTI, Teresina – PI”, processo FINEP nº 551441/2011-9. Do ponto de vista hidrogeoquímico, pretende-se identificar o aquífero captado em cada poço, sua litoestratigrafia e qualidade da água, além de sua extensão territorial e espessura. Os aspectos litoestratigráficos, geomorfológicos, estruturais e hidrodinâmicos da Bacia Sedimentar do Parnaíba no Estado do Piauí (BSP/PI) foram considerados. A abordagem geotecnológica da tese gerou mapas e tabelas-síntese, permitindo: (i) a individualização e quantificação das áreas aflorantes e não-aflorantes dos aquíferos; (ii) a determinação por krigagem do topo e base dos aquíferos, a partir da elaboração de um Modelo Digital do Terreno e sua associação com as informações litoestratigráficas de 1.150 poços cadastrados no Sistema de Informações de Águas Subterrâneas (SIAGAS); (iii) o cálculo da espessura dos aquíferos foi realizada por diferença algébrica entre os topos krigados. Uma ‘condicionante de espessura’ foi criada: Espessura estimada aquífero ÷ Espessura máxima aquífero (cf. Carta Litoestratigráfica da PETROBRÁS), essa razão deve atender > 0 e ≤ 1. As espessuras estimadas apresentaram correlação positiva e significativa, com àquelas medidas pelo método proposto para os mesmos poços do SIAGAS. As razões entre as estimativas e as espessuras PETROBRÁS indicaram aproximação ao depocentro dos aquíferos na direção L-O, acompanhando a estratigrafia e o mergulho dos estratos; (iv) a análise geomorfológica e geológica estrutural foi favorável à lógica das espessuras crescentes de L-O em direção ao depocentro, sem que interferências geomorfológicas e estruturais invalidem o modelo proposto; (v) a identificação da captação (aquífero) nos poços e a sua distribuição territorial na BSP/PI, foi possível pela espacialização da espessura de cada aquífero e a informação da profundidade em cada poço, além de uma base cartográfica da captação passível de ampliação, bastando a medida de profundidade. A integração com a hidrogeoquímica foi realizada a partir da amostragem de 95 poços municipais; identificou-se a captação de 59 poços amostrados, faltando apenas a medida de profundidade dos 36 restantes. 87% das águas foram classificadas como Bicarbonatadas, sendo elas 40 Sódicas, 20 Magnesianas, 16 Mistas, 6 Cálcicas, sem uma distribuição específica evidente entre os aquíferos, sem restrições a usos agrícola, industrial e abastecimento. A krigagem do nível potenciométrico do aquífero basal mostrou aderência espacial e correlação positiva e significativa com a SiO2, corroborando o fluxo predominante L-O. Razões iônicas e concentrações indicadoras não mostraram gradientes espaciais, reforçando a caracterização hidrogeoquímica dos aquíferos e a análise da sua aderência à distribuição territorial das atividades humanas, descrita por sobreposição à base de cobertura e uso da terra do IBGE. O método proposto mostrou-se uma ferramenta relevante de complementação e ampliação das informações contidas no SIAGAS, passível de aplicação em outras bacias.