Avanços e desafios no controle e no diagnóstico parasitológico em escolares da rede municipal de Guapimirim-RJ por meio de amostras fecais de coleta única

Abstract

Parasitoses intestinais são um problema de Saúde Coletiva, potencializado em crianças de áreas rurais e comunidades carentes, sendo fundamental um diagnóstico claro e preciso. Na cidade de Guapimirim/RJ, Brasil, em estudo prévio, frequências significativas foram encontradas para parasitos intestinais, o que a torna um local central para pesquisas na área. Mediante o exposto, o objetivo principal foi avaliar a frequência de parasitos intestinais em fezes de escolares de área urbana e rural do município de Guapimirim/RJ, utilizando diagnósticos microscópico, imunológico e molecular como norteadores de ações educativas futuras. Aplicou-se o ensaio imunoenzimático (ELISA) e imunocromatográfico, especificamente para diagnóstico de Cryptosporidium spp., Giardia duodenalis e Entamoeba histolytica/dispar. Adicionalmente, nested PCR para detecção desses mesmos protozoários, primordialmente para amostras positivas contendo maior número de oocistos/cistos Das 247 amostras analisadas pela microscopia óptica de luz, 10,5% (26/247) estavam positivas para parasitos intestinais, sendo os mais frequentes G. duodenalis com 42,3% (11/26) e complexo Entamoeba histolytica com 23% (6/26), assim como no ELISA com 4,4% (10/226) para Entamoeba histolytica/E. dispar e 6,5% (16/245) para G. duodenalis. O imunocromatográfico detectou antígenos somente para G. duodenalis em 6,5% (8/123) das amostras. Na nested PCR, identificou-se sete diferentes sequências de G. duodenalis, oito genótipos A e três B, sendo os mais abundantes, aqueles iguais aos detectados no estudo prévio, o que mostra a consolidação destes genótipos na população. Para G. duodenalis foi feita uma comparação entre as técnicas, sendo a microscopia considerada como padrão de referência, e aplicados o teste McNemar e coeficiente Kappa. Não houve diferença significante entre os testes, mas o imunocromatográfico teve melhor desempenho (S = 100%; E = 86%), sendo uma boa alternativa diagnóstica, considerando-se menor custo e praticidade de execução quando comparado ao ELISA e PCR. Avaliou-se o uso de resíduo de extração de DNA para diagnóstico parasitológico por ELISA, o que se mostrou ótima alternativa para otimizar o uso de amostras de coleta única. Em avaliação das frequências de parasitos intestinais nas áreas urbana e rural, entre o estudo de 2015 e o de 2019, observou-se expressiva redução da frequência dos parasitos intestinais no município, e uma inversão dessas frequências entre as áreas nos dois períodos. Chamou a atenção o desaparecimento nos resultados, principalmente, de Ascaris lumbricoides e a permanência de G. duodenalis, sendo este último de transmissão fecal-oral e veiculação hídrica, e por isso, sendo necessária uma intervenção mais efetiva para o seu controle. Confeccionou-se material educativo, porém não foi possível a realização de ações de educação em saúde devido à pandemia do COVID-19, no período do estudo. Realizou-se uma revisão sistemática sobre ações educativas relacionadas às parasitoses mais frequentes nesse estudo, amebíase e giardíase, na qual se evidenciou que estas ações não são vistas como protagonistas e/ou relatadas nos artigos científicos. A manutenção de parasitoses de transmissão fecal-oral em Guapimirim/RJ evidenciou que o atendimento primário e o saneamento básico satisfatórios ainda são um desafio para as autoridades locais, sendo que os dados desse estudo podem auxiliar nas medidas emergenciais