CINEMA E POLÍTICA: O ANTICOMUNISMO NO CONTEXTO DA GUERRA FRIA (1948-1969)
Abstract
O tema desta pesquisa é o anticomunismo nos filmes sobre a primeira Guerra Fria, produzidos no período de 1948 a 1969. Procuramos prosseguir na linha de abordagem do tema
que prioriza o estudo a partir da crítica das ideologias a cerca da produção fílmica. A Guerra Fria nos filmes será vista em suas implicações na construção de estereótipos, ideologias
e visões de mundo, tendo como pano de fundo, o confronto entre capitalismo e socialismo.
As opções teórico-metodológicas situam-se no campo do materialismo histórico, retomando desde as contribuições iniciais de Marx e Engels, Lênin e Gramsci, a Escola de Frankfurt e as recentes abordagens do marxismo. As opções metodológicas mais específicas são
aquelas derivadas da análise semiótica de filmes. A hipótese central afirma que a construção fílmica sobre o anticomunismo se dá em dois níveis: a) numa primeira abordagem, o
nível de elaboração tende para a simplificação, num discurso claramente propagandístico,
neste caso as críticas recaem no comunismo e nas experiências socialistas; b) num segundo
nível a abordagem é complexa, sendo possível encontrar críticas tanto ao comunismo como
ao capitalismo. Verificamos nossa hipótese observando a abordagem dos filmes sobre duas
grandes redes temáticas “indivíduo e sociedade” e “indivíduo e poder”. Concluímos que o
anticomunismo tende a considerar as sociedades e os indivíduos como abstrações, onde os
últimos ou são fragmentados e/ou desumanizados e as sociedades são a-históricas e impermeáveis à ação coletiva. Por outro lado, a ação política dos comunistas é desqualificada
pela via da sua associação com o crime e vistos essencialmente como membros de uma
conspiração destinada a conquistar o poder e destruir a individualidade. No meio cinematográfico, o anticomunismo acirrou as tensões entre aqueles dispostos a se vincularem acriticamente ao status quo e uma tendência contra-hegemômica, que elaborou formas variadas de resistência.O anticomunismo dos filmes diretamente associados ao mccarthismo
está identificado com a abordagem nitidamente propagandística. Presente no cinema desde
o início do século, o anticomunismo ultrapassa esse período. Com a nova Guerra Fria dos
anos 80, aspectos distintos se incorporariam ao novo ciclo.
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