Epidemiologia da tuberculose no Estado do Rio de Janeiro, segundo categorias de raça/cor, de 2011 a 2019

Abstract

Introdução: A tuberculose (TB) persiste como um grande desafio para a saúde pública nos dias atuais, possuindo relação direta com a pobreza e a exclusão social, afetando, principalmente, os grupos mais vulneráveis. Objetivo: Descrever a ocorrência da tuberculose e características sociodemográficas e clínicoepidemiológicas, entre as mesorregiões do Estado do Rio de Janeiro, de 2011 a 2019, segundo categorias de raça e cor. Métodos: Trata-se de um estudo descritivo transversal de caráter analítico, realizado por meio da análise de dados secundários, provenientes das fichas de notificação do SINAN/TB. Resultados: Foram notificados 101.548 casos novos de TB residentes no Estado do Rio de Janeiro, de 2011 a 2019, representando uma taxa média de incidência de 71 casos por 100.000 habitantes, sendo maior na mesorregião Metropolitana, com variação de 75 a 84 casos por 100.000 habitantes. Foi observada piora no preenchimento da variável raça/cor, com aumento de 2,6% dos registros ignorados ao longo do período. As maiores taxas de incidência se deram entre osindígenas, variando de 128 a 151 casos por 100.000 habitantes, seguidos dos pretos, com TI variando de 104 a 123 casos por 100.000 habitantes. Verificou-se que a TB acomete mais os homens, na faixa etária de 20 a 59 anos, com baixa escolaridade e procedentes da zona urbana. A forma clínica pulmonar foi predominante (84,8%) entre as categorias de raça/cor. Evidenciaram-se disparidades na realização dos exames diagnósticos entre as mesorregiões e categorias de raça/cor, indicando deficiências no diagnóstico da tuberculose. Houve predomínio de resultados positivos de HIV entre pretos (10,9%) e pardos (9,2%). Quanto aos encerramentos, os indígenas apresentaram os maiores percentuais de cura (74,7%) e a raça/cor preta liderou os percentuais de abandono (16,4%). A mortalidade por TB foi maior entre pretos e pardos (3,5%) no Estado. Conclusão: A tuberculose se distribui de maneira heterogênea no Estado do Rio de Janeiro e suas mesorregiões, caracterizada por disparidades raciais, no que se refere à incidência e ao perfil sociodemográfico e clínico epidemiológico entre os casos novos de TB. Faz-se necessária a adoção de políticas intersetoriais, voltadas ao desenvolvimento de estratégias que reduzam as iniquidades, as quais acarretam na incidência e transmissão da tuberculose entre os grupos mais vulneráveis