Análise de documentos nacionais de referência sobre plantas medicinais: um olhar pra a conservação e o controle de qualidade

Abstract

A Farmacopeia Brasileira 6a edição e o Formulário de Fitoterápicos da Farmacopéia Brasileira 2a edição são documentos do Governo Federal do Brasil que visam o controle da qualidade das plantas medicinais e dos produtos fitoterápicos obtidos a partir delas. Enquanto o primeiro trata da análise das plantas, contendo informações botânicas e químicas para autenticação e controle da qualidade, o outro contém as técnicas de manipulação para que as suas propriedades medicinais sejam aproveitadas da melhor forma. No entanto, problemas como a sobre-exploração e nomenclatura inadequada destas espécies podem oferecer um grande risco tanto na conservação das espécies, quanto no uso dos fitoterápicos pela população. O objetivo deste trabalho foi comparar e analisar a Farmacopeia Brasileira 6a edição e o Formulário de Fitoterápicos 2a edição na perspectiva da conservação das espécies medicinais listadas e controle da qualidade de produtos fitoterápicos. Para o levantamento de espécies, os documentos oficiais foram acessados no portal oficial da ANVISA. Os nomes científicos foram consultados nas bases de dados Flora do Brasil 2020, Tropicos ou em bibliografia específica, e classificados como nome correto ou sinônimo. Quanto à origem, as espécies foram classificadas como nativas endêmicas, nativas não-endêmicas e exóticas, de acordo com a Flora do Brasil 2020, Herbário Virtual Reflora, Tropicos ou bibliografia específica. Em relação ao grau de conservação, foram categorizadas de acordo com as Listas Vermelhas da IUCN e Ministério do Meio Ambiente. Como resultados, foram verificados 138 táxons nos documentos e a folha foi a droga vegetal mais frequente. Em relação à nomenclatura, 12 espécies estavam mencionadas como sinônimos. Quanto à origem, 32 táxons eram nativos do Brasil, entre eles, 3 endêmicos. Além disso, 2 táxons estavam classificados como vulneráveis e 3 em perigo, incluindo uma espécie nativa. Por fim, ressalta-se a importância de manter os táxons de ambos os documentos sobrepostos, para que não haja uma lacuna de informações; de manter os nomes científicos atualizados, para que não ocorram problemas de identificação; e de realizar mais estudos para a conservação das espécies, a fim de mantê-las preservadas pelo seu valor biológico.